A ideia de, um dia, juntar num livro as vozes dos estudantes sírios com as da pequena equipa que, desde meados de 2013, trabalha comigo na coordenação do programa das bolsas de estudo de emergência para Sírios foi germinando ao longo dos anos, sem que fosse muito clara a forma que iria tomar (…). O resultado final acabou por ser um surpreendente conjunto de histórias, que vão desfilando ao sabor da evocação do trabalho árduo, consistente e determinado, realizado ao longo dos últimos anos no contexto da Associação criada para gerir o programa de bolsas de estudo de emergência, a Plataforma Global para Estudantes Sírios ou APGES, como é mais conhecida. A estas histórias, junta-se um outro conjunto, extremamente impressivo, de foto-bio-gramas que alguns estudantes tiveram a coragem e a generosidade de partilhar. São as suas histórias pessoais, vividas na primeira pessoa em tempos de guerra e de luta pela sobrevivência. Nelas bate o verdadeiro coração desta publicação.
(…)
Gostaria que este livrinho de histórias fosse outrossim a expressão do meu muito sincero reconhecimento a todos os que, desde a primeira hora, apoiaram esta iniciativa e a ela se têm dedicado, sufragando a sua bondade e urgente necessidade.
A minha gratidão dirige-se a Portugal e aos meus compatriotas, a todos os sócios da APGES e membros dos órgãos sociais, aos colaboradores no meu gabinete, aos voluntários, às instituições e entidades oficiais, à comunidade académica, mas estende-se também além-fronteiras pois foram muitos os amigos que nos Estados Unidos, no Cairo, no Kuwait ou ainda na Europa estiveram desde a primeira hora comigo nesta aventura.
Gostaria ainda que estas histórias valessem como um apelo convicto, firme e forte para que não desistamos de fazer mais pela educação dos jovens, de todos os jovens, sobretudo daqueles que, enfrentando situações de conflitos e desastres humanitários, carecem de protecção, no vasto leque de valências que esta noção encerra e de que o acesso à educação superior num ambiente de segurança é a expressão por excelência. Por último, estas histórias são um modesto tributo e uma muito sincera homenagem aos estudantes e a suas famílias, à sua extraordinária resiliência.
Como os nossos estudantes sírios não cessam de nos lembrar, o que está em causa é naturalmente o seu futuro, mas é também e sobremaneira a afirmação da sua liberdade e da sua capacidade de seguir em frente no encalço dos seus sonhos que, também nós todos, acabamos por perfilhar de uma forma ou de outra. Nos tempos complicados em que vivemos, precisamos mais do que nunca de cimentar a esperança no futuro. As histórias que se seguem mostram bem que todos juntos podemos construir um mundo melhor.
Jorge Sampaio
