Este pequeno volume reproduz o conteúdo do dossier onde arrumei as leituras com que, ao longo de vinte anos (1999-2019) acompanhei o desabrochar
da obra literária de José de Faria Costa e de Francisco d’Eulália. Não se trata tanto de uma tentativa de explicação quanto da história de uma relação.
Quis chamar Derivas a esta colectânea para me sentir um pouco como Rimbaud no seu Bateau Ivre, ao descer rios que o levaram por sítios desconhecidos,
na alegria das auroras marinhas, Des écumes de fleurs ont bercé mes dérades, e, como ele, também eu vi, corri, tremi, sonhei, vagueei nesta viagem e
me banhei na Poesia.
À escolha deste título, Derivas, não é também estranha a ideia de acompanhamento ou de variação, na liberdade que tomei ao fazer meus estes textos, ao deixar entrar em mim a respiração das suas palavras. E há ainda aqui como o limite para o qual tende a razão, como se de uma derivada matemática também se tratasse, e que encontro na geometria de uma escrita criativa que reconheço nas minhas próprias leituras.
Cristina Robalo-Cordeiro