António Lourenço Fontes opta pelo registo directo e breve, sem outro enquadramento pontual que não seja o decorrente da localização e o de encostar uns aos outros os factos mais semelhantes entre si, segundo uma concepção da etnografia tradicional. Certo. O leitor e o antropólogo ficam naturalmente satisfeitos com a oferta de textos puros, lavados: que sejam um e outro a operar induções e deduções. Como se dissesse: o povo de Barroso é mais ou menos assim, nos domínios que investiguei façam agora o favor de comparar e tirar conclusões. Nem sequer, como acontece com «o direito sobre as moças da terra» e as «chegas», ele nos diz claramente até que ponto o costume persiste na forma apresentada ou como possivelmente evoluiu e por que motivos. Como se também nos quisesse dizer: em Barroso foi ou é assim venham cá e vejam como as coisas, apesar de inevitáveis transculturações, ainda conservam peculiaridades que as identificam e nos identificam.
Livro recomendado pelo Plano Nacional de Leitura.
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