Memórias de África - Angola e Guiné
José de Figueiredo Valente
De entre os episódios que vivi nas minhas Comissões no Ultramar, em acontecimentos autênticos, mas em circunstâncias tão diferentes das que se vivem na nossa vida actual, a minha memória elegeu alguns, com exclusão dos de natureza operacional, que de uma forma ou de outra reflectem a natureza humana daqueles que neles participaram. São recordações certamente idênticas às evocadas por todos os que cumpriram aquelas Comissões e que viveram acontecimentos que de alguma maneira os tocaram e ficaram gravados na sua memória. O desenrolar desses acontecimentos e as situações, neles vividas, não serão talvez facilmente aceites por muitos dos que não viveram esses tempos, que poderão até considerá-los episódios de ficção, de tão afastados da realidade que conhecem, do normal dia-a-dia da nossa actualidade.
Da Introdução
O general José Figueiredo Valente nasceu em Lisboa, em 1930, filho de um oficial que combateu em Moçambique na 1.ª Grande Guerra. Frequentou o Colégio Militar e o Curso de Artilharia na Escola do Exército. Cumpriu duas Comissões em Angola e comandou um Batalhão na Guiné. Serviu a NATO no COMIBERLANT e, após o Comando da Zona Militar da Madeira, foi diretor do Colégio Militar, onde terminou a sua carreira militar. Durante cerca de 10 anos, após a sua passagem à reserva, foi voluntário junto de duas instituições, uma de cegos e outra de pacientes de paralisia cerebral. Professa a religião católica e a sua natureza segue os princípios do Ecumenismo e da valorização da condição humana. É viúvo, com três filhos, do seu casamento de 58 anos, e, após a sua Comissão na Guiné, acolheu no seio familiar dois irmãos balantas, filhos de um chefe de povoação, e educou o filho de um chefe fula, hoje capitão do Regimento de Comandos.
Memórias do Oriente - Índia, Timor e Moçambique
Luís Dias Antunes
A 2.ª edição deste título reúne memórias póstumas do coronel Luís Dias Antunes, essencialmente centradas nas comissões de serviço que fez: na &Iacut;endia, onde esteve prisioneiro, após a invasão em Timor e em Moçambique, na costa oriental de África. O livro foi enriquecido com testemunhos de pessoas que o conheceram e viveram alguns dos ambientes que o autor memorizou. A razão de se incluir estas memórias na colecção Fim do Império teve a ver, por um lado, com as referências a comissões de serviço em terras mais a oriente, na altura do 50.º aniversário da perda do Estado Português da &Iacut;endia e, por outro lado, por seguirem um percurso de vida de um cidadão português, na época histórica em estudo, integrado numa família militar, passando pelo Colégio Militar e pela Academia Militar, e na vida do qual a família sempre teve uma grande importância. Assim e na sequência de obras anteriores da coleção, não se trata de uma biografia de um herói conhecido, mas antes de um conjunto de pinceladas do que foi a vida de muitos dos «atores» dessa época, com alegrias e tristezas, dramas e humor.
Manuel Barão da Cunha
da Nota Prévia
Luís Dias Antunes nasceu em 31 de dezembro de 1937, em Luanda, filho de um oficial do Exército que serviu em Angola cerca de 20 anos. Frequentou o Colégio Militar e a Escola do Exército/Academia Militar. Fez comissões na &Iacut;endia, Timor e Moçambique, onde sofreu um acidente em campanha de que resultou ser considerado deficiente das Forças Armadas. Nessa qualidade, liderou um movimento que visou o reconhecimento de direitos dos primeiros deficientes, idênticos aos concedidos a outros deficientes, assim considerados após o 25 de Abril de 1974. Colaborou nos livros: Revisitar Goa, Damão e Diu, Lisboa, ed. da Liga dos Combatentes e do Núcleo Impulsionador das Conferências da Cooperativa Militar, maio de 2010 e Tempo Africano - aquelas longas horas em oito andamentos, de Manuel Barão da Cunha, Oeiras, DG Edições, novembro de 2010 5.ª edição, em maio de 2016. Faleceu em 13 de Abril de 2010, como coronel de Infantaria reformado. Era casado com Maria João Mouzinho, pai de Pedro e Rita e avô de cinco netos. As suas memórias foram trabalhadas, ainda em vida do autor, com Manuel Barão da Cunha, cujo trabalho continuou postumamente, em articulação com a Família.
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